É SÓ UM DIA nasce do desejo de imaginar coletivamente, a partir da fragilidade, do erro, da arritmia e do descontrole, uma história de ficção fantástica, em resposta à ausência de futuro em que vivemos. Por meio de um dispositivo de escrita ao vivo com duração de 8 horas, revela-se a construção de um fluxo de narrativas que emergem do contágio entre a escrita e os gestos. A proposta é imaginar mundos nos quais realidade e ficção se tocam e se confundem, tomando as ruínas do discurso como lugar de potência. O público leva consigo uma publicação feita ao vivo, que contém um texto diferente a cada vez. O texto The Carrier Bag Theory of Fiction, de Ursula K. Le Guin, propõe uma revisão da ficção, não a partir do herói caçador e sua arma, mas das bolsas e recipientes. Este conceito é uma das principais referências do trabalho. A prática de escrita adotada gera ficções não hegemônicas, considerando o periférico, o banal e os futuros e passados não ativados do que vemos. A performance emerge da peça Outro Lado é Um Dia, estreada no Citemor em 2021, e integra o projeto nexistemundo, um conjunto de práticas e ações em vídeo, internet e no espaço urbano, que gira em torno da ideia de fim.