Temps d'Images

Duplacena 77
21 Out 19h
60m
M/12
estreia

Miguel Bonneville

CABEÇA FANTASMA E O RESTO DO CORPO TAMBÉM
| SENTISTE A MINHA FALTA?

À superfície, parece existir uma tendência para criar uma separação drástica entre a sanidade e a demência, entre o espiritual e o patológico. cabeça fantasma – e o resto do corpo também parte da fricção entre essas categorias para investigar ideias em torno da santidade – e o que a distingue, ou aproxima, da loucura.
A partir da pergunta nuclear da série animais paisagens e santos – “o que é, ou pode ser, um santo hoje?” – esta conferência parte de uma necessidade de criar percursos pelas visões interiores de místicos, profetas e visionários que, ao longo dos séculos, desafiaram os limites do real. A figura do santo como guia para pensar formas de desvio, de atenção ao invisível e de resistência à normalização do pensamento.
Resiste-se à leitura da loucura como disfunção – assumindo-a, antes, como forma de conhecimento –, porque essa leitura é sintoma de um olhar que projecta a sua violência sobre quem que não se ajusta às constrições da normalidade. A loucura não é uma condição individual, mas uma resposta a uma sociedade que dilacerou os seus vínculos simbólicos com a terra e consigo mesma.
Os tempos são sempre de crise, as urgências em resolvê-las vão variando. Esta é mais uma forma de procurar repensar formas de relação com o mundo — possivelmente mais porosas, interdependentes, mais abertas à experiência do que não é obviamente visível.
E põe-se a hipótese de que talvez alguns santos, e as suas loucuras particulares, possam ajudar à desorganização de uma ordem que insiste em tornar-se – outra e cada vez mais – inflexível.



Mais programação do ciclo na Rua das Gaivotas 6 e Teatro Praga.

Miguel Bonneville

Porto, 1985. Artista transdisciplinar que cria obras autoficcionais, centradas na desconstrução e reconstrução da identidade, explorando questões de género, morte e espiritualidade. O seu trabalho combina múltiplas linguagens artísticas, incluindo escrita, música, vídeo e performance. Desde 2003, tem apresentado o seu trabalho nacional e internacionalmente, sobretudo os projectos seriados Family Project, Miguel Bonneville e A Importância de Ser.

Recebeu o Prémio da Rede Ex Aequo (2015) pelos espectáculos Medo e Feminismos, em colaboração com Maria Gil, e A Importância de Ser Simone de Beauvoir.

Estudou Interpretação na Academia Contemporânea do Espectáculo (2000-2003), tendo complementado os seus estudos com os cursos de: Artes Visuais na Fundação Calouste Gulbenkian/Programa Criatividade e Criação Artística (2006), Autobiografias, Histórias de Vida e Vidas de Artista no CIES-ISCTE (2008), Arquivo – Organização e Manutenção no Citeforma (2013), Cyborgs, Sexo e Sociedade na FCSH (2016), e Filosofia e Arte na Mute (2017), entre outros.

Recebeu bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian, do Centro Nacional da Cultura – Jovens Criadores, da Câmara Municipal do Funchal – Bolsa de Criação Artística/Escrita e do programa Culture Moves Europe.

Fez parte da Direcção Artística do Teatro do Silêncio (2018-2023), e do núcleo de artistas representados pela Galeria 3+1 Arte Contemporânea (2009-2013) e pela estrutura de dança contemporânea Eira (2004-2006).

Realizou filmes e vídeos como Camera Obscura (2023), Um medo com duas grandes faces (2022), Traça (2016), A landscape of failure (2008), entre outros. E teve financiamento do Apoio à Escrita e Desenvolvimento de Obras Cinematográficas 2021 – ICA para desenvolver o argumento da sua ideia original para longa-metragem de ficção Paisagem com pássaros amarelos (2021-2023), com produção da Cedro Plátano.

Publicou os livros: Os diários de C.C. Rausch (Corpos Editora, 2006), Ensaios de santidade (Sr. Teste, 2021), O pessoal é político (Douda Correria, 2021), Livro do Daniel e outros textos (Urutau, 2024), e ainda as edições de artista Jérôme, Olivier et moi (Homesession, 2008), Notas de um primata suicida (2017), e, pelo Teatro do Silêncio, Dissecação de um cisne (2018), Lamento do ciborgue (2021), Recuperar o corpo (2021) e Câmara escura (2022).

Contribuiu com vários textos para as revistas portuguesas Flanzine, WrongWrong, Dobra, Cine Qua Non, e Faces de Eva, e ainda para a revista brasileira Periódicus, entre outras publicações.

Foi artista residente no Sítio das Artes, CAMJAP/Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2007), Homesession (Barcelona, 2008), Mugatxoan/Fundação de Serralves (Porto, 2010), Festival Transeuropa2012 (Hildesheim, 2012), Arts Printing House (Vilnius, 2013), Arte y Desarrollo (Madrid, 2014), e La Box (Bourges, 2018), entre outros.







Autoria e interpretação
Miguel Bonneville
Registos vídeo e fotográfico
Joana Linda
Assessoria de imprensa
Mafalda Guedes Vaz
Produção
Cristina Correia, Miguel Bonneville
Co-Produção
Festival Temps d’Image
Apoio
DirecçãoGeral das Artes, Fundação GDA

 





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